Distensão Abdominal – O Que é, Tratamento, Sintomas e Causas
A distensão abdominal é caracterizada por uma sensação de inchaço e alteração facilmente visível no formato normal do abdômen. Muitas vezes, essa distensão acontece por causa de um problema de saúde, geralmente problemas digestivos.
Mas como diferenciar um inchaço comum decorrente do excesso de gases, por exemplo, de um caso de distensão abdominal?
Os sintomas de uma distensão abdominal junto com suas características físicas permitem diferenciar uma distensão de outros desconfortos na região abdominal. Se você não quer ficar com nenhuma dúvida, continue conosco, pois trazemos informações sobre o que é a distensão abdominal, quais são suas principais causas, quais são os sintomas da condição, além dos tratamentos disponíveis.
Distensão abdominal – O que é?
A palavra distensão significa que algo é ampliado ou esticado além do comum, normalmente de dentro para fora. Isso quer dizer que uma distensão abdominal nada mais é do que uma sensação de aumento da pressão abdominal que consiste em uma mudança de tamanho na circunferência abdominal que fica muito perceptível.
É possível, por exemplo, medir a circunferência da região abdominal com uma fita métrica e comparar com uma medida anterior como uma forma de confirmar se a barriga realmente aumentou de tamanho.
Inchaço abdominal x Distensão abdominal
Algumas pessoas ainda ficam em dúvida se estão sentindo um inchaço abdominal passageiro ou se há algo mais sério como uma distensão abdominal em curso.
Quando alguém se sente inchado, ocorre também uma sensação de aumento de pressão no abdômen, mas sem mudanças de tamanho significativas na região abdominal. Em uma distensão, ocorre um alargamento do tamanho, formato e circunferência do abdômen. Apesar de não ser aplicada sempre, uma técnica chamada de pletismografia de indutância abdominal também pode ser adotada em um consultório médico para verificar uma distensão.
Embora pareça uma diferença bem simples, alguns médicos se referem ao inchaço e à distensão abdominal como se fosse a mesma coisa, pois ainda não há uma nomenclatura bem definida e porque as causas de ambas as condições não são bem estabelecidas até o momento. Sendo assim, perdoe seu médico se ele usar o termo inchaço para se referir à sua distensão.
Além do que foi mencionado acima, tanto o inchaço quanto a distensão são sintomas característicos de problemas gastrointestinais. Assim, não faz muita diferença na prática o nome que se dá à condição.
A síndrome do intestino irritável, por exemplo, geralmente causa sintomas como inchaço ou distensão abdominal. A distensão é mais comum nos pacientes que apresentam síndrome do intestino irritável com constipação do que naqueles que têm síndrome do intestino irritável com diarreia. Segundo especialistas, a distensão acontece nesses casos porque as fezes demoram muito tempo para ser eliminadas.
Outro fator a levar em conta é que os pacientes com distensão abdominal relatam que a condição é observada geralmente após as refeições e vai piorando ao longo do dia. Na parte da noite, a distensão tende a diminuir. Se a distensão abdominal é constante, isso pode significar um grave problema de saúde.
Causas
Infelizmente, ainda não há um veredicto sobre o que causa a distensão abdominal. Os pesquisadores e médicos da área acreditam que ela ocorre como resultado do excesso de gases intestinais.
Porém, também há teorias de que isso acontece por causa de outros problemas no sistema digestivo ou devido a um reflexo disfuncional dos músculos abdominais que ocorrem quando uma pessoa come muito rápido, por exemplo.
Alguns exemplos de possíveis causas de uma distensão abdominal incluem:
– Supercrescimento bacteriano no intestino delgado
O estômago e o intestino são repletos de bactérias essenciais para a nossa saúde digestiva, uma vez que elas ajudam o corpo a digerir vários alimentos. Porém, a alteração do equilíbrio natural de bactérias e outros micro-organismos na microflora intestinal pode causar um aumento no número de bactérias que fazem mal para o organismo.
Assim, um supercrescimento bacteriano não é saudável e pode causar sintomas extremamente desagradáveis e prejudiciais à saúde como a diarreia, o inchaço e a dificuldade em processar os alimentos e em absorver os nutrientes, podendo causar um quadro de desnutrição se não houver tratamento.
Além disso, algumas pessoas podem sofrer perda de peso involuntária ou desenvolver osteoporose por causa dos níveis desequilibrados de bactérias.
– Indigestão
A indigestão, chamada também de dispepsia, pode causar desconforto ou dor na região do estômago. É comum que a maioria das pessoas sofra de indigestão de tempos em tempos, mas geralmente os episódios são passageiros e demoram para acontecer novamente.
Os principais motivos que levam a uma indigestão incluem o abuso do álcool, a ingestão de alimentos em excesso, a presença de uma infecção no estômago ou o uso de medicamentos que podem irritar o estômago como o ibuprofeno.
Se a sua indigestão é constante, é importante investigar a causa, pois o problema pode ser mais sério como uma úlcera estomacal, um câncer ou uma insuficiência hepática.
– Constipação
A constipação ou a prisão de ventre causam inchaço e distensão abdominal. As causas desse problema podem ser muitas e devem ser avaliadas caso a caso. As principais costumam ser desidratação, ingestão insuficiente de fibras, gestação, presença de distúrbios intestinais, deficiência nutricionais e uso de medicamentos.
– Gastroparesia
Trata-se de um distúrbio que prejudica o esvaziamento do estômago. Os músculos estomacais param de funcionar do modo correto, fazendo com que os alimentos passem mais devagar através do estômago e dos intestinos. Isso deixa os alimentos por mais tempo do que o normal dentro do estômago.
Outros sintomas observados são a constipação, o inchaço, a náusea, o vômito, a perda de apetite, o desconforto, a dor, a sensação de plenitude assim que a pessoa começa a comer e a azia.
Condições como o hipotireoidismo e a diabetes também podem causar gastroparesia.
– Intolerância alimentar
Algumas pessoas apresentam distensão abdominal apenas após comer certos tipos de alimentos. Muitas não percebem imediatamente, mas sofrem de intolerância alimentar.
Os tipos de intolerância alimentar mais comuns são a intolerância à lactose e a intolerância ao glúten (doença celíaca). A distensão costuma desaparecer sozinha, mas também podem ocorrer outros sintomas como dor de estômago e diarreia.
Para identificar uma intolerância alimentar, é essencial ficar atento à dieta e aos sintomas observados para identificar o alimento que está causando incômodos gastrointestinais.
– Distúrbios crônicos
Os distúrbios crônicos que afetam o trato gastrointestinal como a doença de Crohn e a síndrome do intestino irritável podem causar distensão abdominal. A doença de Crohn causa uma inflamação no trato digestivo. Já a síndrome do intestino irritável é uma condição um pouco mais difícil de diagnosticas.
Ambas condições podem causar outros sintomas como diarreia, gases e perda de peso sem intenção.
– Infecção
Infecções que afetam o trato gastrointestinal podem causar gases e outros sintomas como a náusea, a diarreia, o vômito e a dor de estômago. Em geral, as infecções são causadas por bactérias como a Escherichia coli e a Helicobacter pylori, mas também há casos em que a infecção é decorrente de vírus como o rotavírus ou o norovírus.
Na maioria dos casos, as infecções no estômago desaparecem sem a necessidade de tratamento já que o próprio sistema imune é capaz de combater o agente nocivo. Porém, é importante ficar atento e procurar ajuda médica se a infecção persistir por muitos dias. Um sinal bem claro de infecção é a febre. Outros sintomas que precisam ser observados são a presença de fezes sangrentas e o vômito frequente.
– Distúrbios ginecológicos
A dor de estômago e a distensão abdominal podem ser sinais de problemas ginecológicos. Algumas mulheres com endometriose – quando o revestimento uterino de liga a uma parte do estômago ou dos intestinos – por exemplo, podem sentir sintomas como esses.
– Retenção de fluidos
Ingerir alimentos com alto teor de sódio, sofrer de intolerância alimentar ou ter alterações hormonais pode resultar no acúmulo de fluidos. As mulheres podem sofrer ainda mais com esse problema já que algumas delas retêm fluidos durante o ciclo menstrual ou nos primeiros meses da gravidez.
Em geral, a retenção de fluidos se resolve sem a necessidade de intervenção médica, mas a retenção de líquidos acompanhada de inchaço crônico pode ser uma doença mais séria como a diabetes ou a insuficiência renal.
– Gases acumulados
O acúmulo de gases no estômago ou nos intestinos é uma das causas mais comuns de distensão abdominal. Além da distensão, outros sintomas como flatulência excessiva, náuseas, vontade intensa de evacuar e arrotos em excesso.
O inchaço desencadeado por gases pode causar dor leve ou intensa ou sensação de que a barriga está estufada.
Além de ser a causa mais comum, também costuma ser a mais simples de tratar. Geralmente, o gás pode se acumular por causa do consumo de certos alimentos (brócolis, repolho e couve-flor, por exemplo), por uma infecção estomacal, por uma indigestão ou por doenças como a doença de Crohn.
Outras causas:
- Má absorção;
- Ascite, condição em que há um acúmulo de líquido na cavidade abdominal;
- Cálculos biliares;
- Cistos ovarianos ou alguns tipos de tumores no estômago ou nos intestinos.
Sintomas
A distensão abdominal não é um problema de saúde em si, mas sim um sintoma que predomina em relação a outros.
Assim, existem outros sintomas que podem ser observados junto com a distensão ou o inchaço abdominal. Tais sintomas podem ser:
- Diarreia;
- Febre;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Arroto;
- Dor abdominal.
Quando um ou mais desses sintomas ocorrerem em conjunto com o inchaço ou a distensão abdominal, um médico deve avaliar a situação e solicitar exames complementares para chegar em um diagnóstico.
Tratamento
Como a causa não é bem estabelecida e muitos problemas gastrointestinais podem resultar na distensão abdominal, ainda não existe um tratamento específico para tratar a distensão.
O que é feito é o tratamento do distúrbio digestivo, quando identificado, para melhorar os sintomas.
Em alguns casos que compreendem a maioria, a distensão abdominal não é motivo de preocupação, podendo ser tratada em casa como uma simples indigestão, por exemplo. Assim, não é preciso se preocupar quando a distensão:
- não piora ao longo dos dias;
- desaparece sozinha em poucos dias;
- só ocorre após refeições fartas.
Nos casos mencionados acima, geralmente basta espaçar mais as refeições e comer em porções menores além de consumir mais alimentos ricos em fibras que o problema cessa.
Outros tratamentos caseiros incluem:
- Medicamentos vendidos sem prescrição médica como antiácidos;
- Chá de hortelã ou hortelã cru para melhorar a digestão;
- Água com gás;
- Hidratação com água e líquidos;
- Medicamentos como laxantes para melhorar a constipação;
- Probióticos;
- Compressas quentes para aliviar o inchaço.
Entretanto, há pessoas que sentem dores abdominais muito fortes e outros sintomas que podem indicar algo mais sério. Nesses casos, é essencial diagnosticar a causa e iniciar o tratamento apropriado.
A intolerância alimentar, por exemplo, pode ser a causa da distensão abdominal e nesses casos o único tratamento possível é evitar o consumo desses alimentos intolerantes. Já outras condições de saúde precisam ser tratadas com medicamentos específicos como infecções bacterianas que devem ser tratadas com antibióticos, por exemplo.
Em grande parte dos casos, o uso de medicamento que aliviar os gases intestinais como a simeticona (Luftal) ou enzimas digestivas ajuda a aliviar a distensão.
Alguns medicamentos analgésicos como a aspirinas e anti-inflamatórios não-esteroides como o ibuprofeno não devem ser usados pois em casos de obstrução intestinal ou úlcera gástrica, o remédio pode agravar a situação.
Nos casos mais específicos, só um médico como um endocrinologista ou um gastroenterologista podem indicar após realizar alguns exames de confirmação do diagnóstico.
Dicas
Ter um diário alimentar pode ajudar muitas pessoas que apresentam distensão abdominal com frequência, mas sem apresentar outros sintomas. É muito provável que a distensão vá embora após algumas mudanças simples de hábitos que podem incluir adotar uma dieta mais saudável ou evitar alimentos que te fazem mal ou que são mais difíceis para o seu organismo digerir.
Ao anotar o que você ingere diariamente em um diário, é possível anotar também os dias em que você se sentiu mal para tentar identificar os grupos alimentares em comum que podem estar fazendo mal ao seu organismo.
Algumas pessoas podem se sentir mal consumindo alimentos que causam gases, como o repolho, o feijão, a batata doce e a lentilha, por exemplo. Outros podem precisar:
- evitar ingerir bebidas gaseificadas;
- comer mais devagar;
- evitar usar canudos que podem fazer a pessoa engolir mais ar;
- eliminar o consumo de lactose;
- evitar mascar chiclete.
Sempre que sintomas como os mencionados abaixo forem constatados, é muito importante procurar um médico pois a distensão pode ser um sinal de algo mais grave:
- Febre alta;
- Dor muito intensa;
- Fezes com sangue;
- Sangue no vômito;
- Vômitos incessantes ou incapacidade de manter alimentos no estômago;
- Diarreia descontrolada;
- Inchaço repentino no abdômen.
Se você vomitar ou apresentar diarreia, capriche na ingestão de líquidos para evitar a desidratação e evite ingerir alimentos sólidos de difícil digestão até que alimentos mais leves parem no seu estômago e sejam absorvidos.
Embora na maioria dos casos a distensão abdominal não seja nada muito sério, com saúde não se brinca. Sendo assim, procure seu médico para tirar as dúvidas e tratar o problema com medicamentos se for necessário.
Referências Adicionais:
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17931344
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4991532/
- https://www.aafp.org/afp/2008/0401/p971.html
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3388350/
- https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/viral-gastroenteritis/symptoms-causes/syc-20378847
- https://www.niddk.nih.gov/health-information/digestive-diseases/gas-digestive-tract
- https://www.med.unc.edu/ibs/files/2017/10/Abdominal-Bloating.pdf
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