Ácido Lático para Cabelos – O Que é e Como Funciona
Você já deve ter ouvido falar que o ácido lático pode ser responsável por dores e câimbras após exercitar-se em excesso, mas sabia que algumas pessoas usam ácido lático para cabelos? Qual seria o seu benefícios e como funciona esse uso?
Primeiramente, vamos relembrar que o ácido lático é uma substância produzida no corpo durante a respiração anaeróbica. Essa respiração se trata da obtenção de energia a partir de reações químicas sem o envolvimento do oxigênio, como ocorre na fermentação e na glicólise.
A produção do ácido lático também costuma acompanhar um estado de fadiga, informou o mestre em fisiologia aplicada Joe Miller. Veja algumas dicas de como reduzir o ácido lático muscular.
Ele defende que a substância não provoca diretamente o cansaço nos músculos e nem é responsável pelas dores musculares que uma pessoa sente um ou dois dias depois de praticar exercícios físicos.
“Durante exercícios muito intensos, o seu sistema circulatório não pode acompanhar a demanda dos seus músculos por oxigênio. Para manter um suprimento estável de energia, os músculos mudam do metabolismo aeróbico, que requer oxigênio, para o metabolismo anaeróbico, que não (requer oxigênio). Os músculos podem decompor os carboidratos anaerobicamente para dar energia, resultando em um composto chamado piruvato. Quando o oxigênio está disponível, o piruvato pode ser decomposto aerobicamente para dar mais energia. Mas quando não há oxigênio o suficiente disponível, o piruvato é convertido em ácido lático”, explicou Miller.
Entretanto, essa não é a única definição para a substância – de acordo com o Collins Dictionary, o ácido lático também é um tipo de ácido encontrado no leite coalhado (azedo).
O ácido lático para cabelos
Agora que já vimos o que é o ácido lático, você já ouviu falar do uso do ácido lático para cabelos? Como será que isso funciona?
Segundo a indústria de cosméticos, o ácido lático faz parte de um grupo de compostos – alfa-hidroxiácidos (AHAs) – que são utilizados principalmente como esfoliantes suaves para a pele.
O ácido lático também pode aparecer com frequência em produtos voltados para os cuidados com os cabelos com diferentes propósitos.
A função dele em cada produto vai depender de como o item em questão foi formulado, porém, ele pode aparecer ao lado de outros ácidos suaves com o objetivo de relaxar e suavizar o cabelo.
Segundo uma marca de shampoo, o ácido lático é promovido em sua página na internet como um ingrediente que ajuda a restaurar a força e a elasticidade do cabelo.
O ácido lático também pode aparecer em tratamentos de alisamento para os cabelos, e é considerado um alisamento seguro, ao contrário dos métodos que utilizam o formol.
Acredita-se ainda que, em concentrações ligeiramente maiores, o ácido lático tira parte do revestimento protetivo de queratina do cabelo com a promessa de que isso vai melhorar a habilidade dos fios para absorver outros ingredientes reparadores. Entretanto, é importante tomar cuidado com isso.
Essa habilidade da substância para remover o revestimento protetivo de queratina nos cabelos é aproveitada em produtos voltados para a retirada de pelos do corpo.
O ácido lático e a queda de cabelos
Quando analisamos o uso do ácido lático para cabelos, não podemos deixar de abordar a sua associação com a queda dos fios.
O hair stylist e tricologista (a tricologia é o estudo científico da saúde capilar e do couro cabeludo) Shann Christen explicou que quando suamos pelo couro cabeludo e permitimos que esse suor seque, ele forma o ácido lático, que corrói a queratina nas fibras do cabelo, o que resulta na severa perda de cabelo, que pode ser prevenida com o cuidado apropriado.
De acordo com o que o hair stylist disse, o ácido lático está entre as três principais causas de perda de cabelos para os homens.
Por outro lado, uma pesquisa de cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, apontou uma associação entre o ácido lático, que pode ser produzido por células-tronco dos folículos capilares, e a preservação dos cabelos.
No estudo, que foi publicado no jornal Cell Biology (Biologia Celular), os pesquisadores notaram que as células-tronco funcionam de maneira diferente em relação às outras células da pele.
Segundo o estudo, depois de uma refeição, os alimentos consumidos são decompostos em partículas menores, que podem ser absorvidas pelas células, que, por exemplo, utilizam a glicose adquirida por meio da dieta para ter energia e se multiplicar.
O processo é o mesmo para as células-tronco e as outras células, entretanto, depois de decompor a glicose, as células-tronco encontradas nos folículos capilares podem formar um subproduto: o ácido pirúvico, que pode ser transformado em energia ou se tornar o ácido lático.
Segundo o que os cientistas concluíram, quando a transformação do ácido pirúvico é em ácido lático, ocorre a preservação dos cabelos.
A partir dessa constatação, os pesquisadores foram atrás de remédios que pudessem ter esse mesmo efeito e encontraram dois deles: um que está focado no aumento da produção de ácido lático e outro que bloqueia a entrada de piruvato na mitocôndria, forçando a célula a produzir a substância.
Entretanto, esses medicamentos ainda não foram testados em seres humanos. Ou seja, é preciso ter paciência e aguardar mais alguns anos por novos estudos científicos para se ter certeza que esses remédios podem ajudar a preservar os cabelos com segurança. Veja aqui uma seleção de remédios para queda de cabelo mais famosos.
Cuidados
Antes de comprar produtos ou se submeter a procedimentos e tratamentos com ácido lático para cabelos, escolha marcas e profissionais confiáveis e de boa reputação.
Além disso, converse com um dermatologista ou tricologista para saber qual produto é o mais adequado e seguro para o seu cabelo, principalmente se você já for propenso ou sofrer com a queda dos fios.
Problemas capilares, especialmente a perda de cabelo, podem ter diversas origens, portanto você precisa de um acompanhamento médico profissional para descobrir a causa da sua condição e tratá-la adequadamente, com segurança e eficácia.
Referências Adicionais:
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5657543/
- https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022202X15526122
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4387693/
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