Salsicha é Remoso?
O nome remoso não é nenhuma classificação científica, mas sim de uma expressão popular antiga. Embora muitos brasileiros não conheçam o termo, ele é muito utilizado no Nordeste brasileiro.
Remoso faz referência a alimentos que são considerados prejudiciais aos doentes devido à sua alta concentração de proteína e gordura animal. Mas será que salsicha é remoso? Ela faz parte dessa lista de alimentos prejudiciais? É o que vamos entender.
Remoso – O que é?
De acordo com a cultura popular brasileira, remoso ou reimoso é o termo atribuído a alguns alimentos que podem provocar inflamação na pele por reação alérgica. Normalmente, o que os remosos costumam ter em comum é a alta concentração de proteína e gordura animal.
Maria Lúcia Barreto Sá, nutricionista da Universidade Estadual do Ceará, explica que “reima” talvez seja um alergênico, que provoca reações como coceira, diarreia e até intoxicações mais sérias em pacientes alérgicos.
No entanto, diferentemente do alimento portador de alergênico, que desencadearia uma reação, independente do estado de saúde, o alimento remoso é considerado prejudicial apenas quando a pessoa tem uma doença infecciosa ou ferimentos que estão sujeitos a infeções, como uma lesão, cirurgia, colocação de um piercing ou uma tatuagem. Acredita-se que eles podem interferir no processo de cicatrização e retardar a cura.
Coincidentemente, a maioria dos médicos não recomenda os alimentos remosos para aqueles que acabaram de fazer uma cirurgia, ou quando estão com sua imunidade baixa. Os alimentos mais frequentes da lista são: a carne de porco, carneiro, pato, crustáceos em geral, ovo e até melancia, e essa relação pode variar conforme a região, comprovando que a classificação não atende ao rigor científico.
Salsicha é remoso?
A cultura popular não tem dúvidas na hora de afirmar que salsicha é remoso. Tanto a carne de porco quanto os seus derivados, que incluem linguiça, presuntos, salsichas e outros entram para a lista dos alimentos remosos. Mas será que ela é realmente um alimento prejudicial, especialmente em alguns casos?
Para responder a essa questão, vamos compreender melhor a composição da salsicha.
Informações gerais sobre a salsicha
A salsicha é um ingrediente popular do cachorro quente. Embora atualmente existam versões que são feitas com carne bovina, carne bovina misturada com suína e até peru ou frango, a salsicha tradicional é feita com carne de porco, gordura e grãos.
Ainda que não esteja na lista de alimentos saudáveis, as salsichas são capazes de entregar alguns nutrientes para o corpo como vitaminas e minerais e, apesar da crença popular, ela não contém subprodutos de origem animal. Os perigos de consumir esse tipo de alimento estão ligados ao seu conteúdo de gordura, sódio e conservantes.
Níveis de gordura total altos
A maioria dos adultos precisa ingerir diariamente entre 44 e 78 gramas de gordura. A salsicha feita com carne de porco, pesando aproximadamente 76 gramas, contém aproximadamente 18 gramas de gordura. Porém, sua composição carrega também condimentos e outros alimentos que aumentam ainda mais a sua quantidade de gordura, o que significa que comer apenas uma salsicha já pode compreender boa parte do seu limite de gordura diária recomendado.
Manter uma alimentação rica em gordura pode contribuir com o ganho de peso, aumentar os níveis de colesterol e problemas cardiovasculares. Ou seja, não é uma boa adição para uma dieta saudável e nutritiva.
Gordura saturada alta
Uma alimentação que contém alimentos ricos em gordura saturada pode provocar um acúmulo de placas nas artérias, aumentar o colesterol no sangue e aumentar o risco de doença cardiovascular. Segundo a American Heart Association (AHA), o consumo médio de gorduras totais saturadas deve ser inferior a 7%, ou seja, se você pode consumir 2.000 calorias por dia, poderá ingerir até 16 gramas. Considerando que a salsicha contém quase 7 gramas de gordura saturada, a sua ingestão representa 44% do limite diário recomendado.
Prefira as fontes de gordura insaturada, elas são benéficas e podem ajudar a reduzir os níveis de colesterol no sangue.
Colesterol alto
A American Heart Association (AHA) recomenda que a maioria dos adultos consuma menos de 300 miligramas de colesterol por dia, mas se seu histórico é de problemas cardíacos, obesidade ou diabetes, esse número deve ser ainda menor.
Esse cuidado é importante porque as dietas ricas em colesterol podem elevar os níveis de colesterol total no sangue e aumentar as chances de desenvolver doenças cardiovasculares. Uma salsicha carrega mais ou menos 50 miligramas de colesterol, o que representa 17% da quantidade diária recomendada.
Alto teor de sódio
O sódio também é conhecido como sal, um ingrediente adicionado à maioria dos preparos de alimentos para acrescentar mais sabor. Ele contribui positivamente com a saúde de várias formas, mas o seu excesso costuma elevar a pressão arterial e provocar doenças cardiovasculares. Justamente por isso as pessoas que sofrem com ambas as condições são aconselhadas a diminuir ou evitar por completo o sal.
Segundo a AHA, os adultos devem consumir menos de 1.500 miligramas de sódio por dia para evitar problemas médicos. A salsicha de porco contém cerca de 620 miligramas de sódio, o que corresponde a 41% do limite diário recomendado.
Conservantes
A salsicha é considerada uma carne processada, e elas são famosas por conter aditivos químicos. O mais conhecido é o nitrito de sódio, adicionado comumente ao bacon, presunto e salsicha para conservar o alimento, impedir a proliferação de bactérias e manter a cor.
Embora os nitritos em si não sejam prejudiciais, quando eles são expostos a altas temperaturas ou à acidez do estômago podem formar nitrosaminas, que são substâncias consideradas cancerígenas.
Outro aditivo comum na salsicha e outras carnes processadas é o glutamato monossódico, usado para melhorar o sabor. Alguns estudos evidenciaram que ele pode ser genotóxico, ou seja, causar danos às células. Além disso, muitas pessoas relatam sintomas como dores de cabeça, urticária, congestão e dor no peito após o consumo, embora não haja muitas evidências científicas confirmando essa ligação.
O fato é que os nitritos podem potencializar as chances de desenvolver câncer. Particularmente as salsichas aumentam em nove vezes o risco de câncer em crianças que consomem mais de 12 unidades por mês, segundo um estudo publicado pela revista “Cancer Causes & Control”.
Posso comer salsicha após fazer um procedimento que requer cicatrização?
Realizar uma cirurgia, fazer uma tatuagem, colocar um piercing ou se machucar condiciona o corpo a iniciar um processo de cicatrização para a cura. A nutrição desempenha um papel crucial na recuperação, porque ela será a responsável por enviar algumas vitaminas, colágeno, elastina e outros nutrientes necessários para suportar o processo.
Há uma enorme quantidade de alimentos saborosos que não apenas reforçam a cicatrização de feridas do seu corpo, mas também evitam a formação de cicatrizes e reduzem o risco de infecção. Por outro lado, alguns são prejudiciais e podem atrapalhar consideravelmente, entre eles está à carne processada, da qual a salsicha faz parte.
Além de ser um alimento rico em gorduras, que prejudica consideravelmente a saúde, os nitritos presentes na salsicha podem danificar os vasos sanguíneos que são responsáveis por mover as células e outros componentes químicos essenciais para a cicatrização de feridas. A saúde dos vasos sanguíneos que chegam ao local da ferida é vital no processo de cura, pois são os principais fornecedores de nutrientes e oxigênio necessários para o reparo.
Outro ponto importante relacionado aos alimentos processados é que eles são inflamatórios no corpo, fato que pode atrapalhar o processo inicial de cura, que é quando o copo está trabalhando fortemente para impedir a entrada de bactérias nocivas e para remover qualquer substância que impeça a recuperação.
A sua composição nutricional, combinada com os nitritos, nos permitem afirmam que salsicha é remoso e não indicado para pessoas que estão passando por um processo de recuperação.
Alimentos que você deve comer para melhorar a cicatrização
A alimentação adequada irá impulsionar o processo de cura e contribuir com a boa cicatrização de cortes e feridas. Tome nota de nutrientes importantes para compor a sua dieta, especialmente nesse período.
1. Proteína
Após realizar qualquer procedimento que demande um processo de cicatrização, aumente a sua ingestão de proteína. Isso é importante porque a proteína, quando ingerida, é dividida em aminoácidos, dois dos quais são muito importantes para o reparo de feridas: L-Arginina e Glutamina. Ambos impulsionam a formação de colágeno, uma substância fundamental para a força da sua pele.
A glutamina é encontrada em alimentos como carne, frango, peixe, ovos, vegetais como feijão, beterraba, repolho, espinafre, couve, cenoura, salsa, couve de bruxelas, aipo, mamão e alimentos fermentados como missô. Já a L-Arginina está presente na soja, amendoim, sementes de abóbora, spirulina e também na carne de frango.
2. Vitaminas do complexo B
Particularmente as vitaminas do complexo B aumentam a síntese de proteínas e permitem que mais células de reparo estejam presentes no local. B1 e B5 são especialmente importantes, pois elas são capazes de promover a saúde da pele, fortalecendo o tecido cicatricial e aumentando o número de fibroblastos que ajudam a secretar colágeno.
As vitaminas do complexo B são encontradas em alimentos como ovos, aves, peixes, verduras e legumes, amêndoas, abacate, lentilhas, sementes de girassol, melão, tomate, amendoim, batata doce, cogumelos, grãos integrais, ervilhas, quinoa, sementes de gergelim e soja.
3. Vitamina C
A vitamina C é muito conhecida pelos seus altos níveis de antioxidantes importantes para a cicatrização, pois aumenta a produção de colágeno, o que torna o tecido que está se formando mais forte. Além disso, ela é vital para o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos, que são responsáveis por transportar os nutrientes e também o oxigênio para o local. Boas fontes de vitamina C são verduras e frutas cítricas.
3. Vitamina A
Mais um antioxidante essencial para a saúde da sua pele que está em recuperação é a vitamina A. Ela é capaz de interferir positivamente na resposta inflamatória do corpo, o que pode ajudar a prevenir as infecções, comuns nesses casos.
Quando a ferida sara e a cicatriz está se formando, a vitamina A estimula o crescimento de novos vasos sanguíneos e a produção de tecido conjuntivo. Vegetais de folhas verdes escuras, peixe e ovos são ótimas fontes de vitamina A, mas ela não deve ser ingerida em excesso, pois pode causar toxidade.
4. Zinco
O zinco é um mineral essencial, e quando o assunto é cicatrização, ele é considerado um dos mais importantes.
O zinco participa da síntese de proteínas e do desenvolvimento de colágeno, e seu consumo pode reduzir o tempo de cura em até 43%. Por esse, motivo as deficiências do mineral estão associadas à cicatrização demorada e à redução da força da ferida. Boas fontes de zinco incluem carne, peixe, aves e ovos, feijão e legumes, tofu, nozes, sementes e aveia.
Ainda que os alimentos remosos não tenham embasamento científico, podemos constatar que salsicha é remoso e prejudicial para a saúde de várias formas. Se você está lidando com alguma doença ou experimentando um processo de recuperação, tenha em mente que os alimentos nutritivos serão os responsáveis por fornecer ao corpo as vitaminas, minerais e outros elementos necessários para impulsionar a sua cura, então manter a salsicha fora da dieta, especialmente nessa fase, é a melhor opção.
Referências Adicionais:
- https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/nutrition-and-healthy-eating/in-depth/fat/art-20045550
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20158382
- http://faculty.clintoncc.suny.edu/faculty/michael.gregory/files/bio%20102/bio%20102%20lectures/circulatory%20system/circulat.htm
- https://www.drugs.com/cg/wound-healing-and-your-diet.html
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