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Paracetamol Faz Mal ao Fígado Mesmo?

Paracetamol

Para muitas pessoas ao redor de todo o mundo, o Paracetamol é visto como uma medida segura, eficaz e barata para acabar com praticamente todas as dores. Mas e quanto à sua segurança? É verdade que o Paracetamol faz mal ao fígado?

O Paracetamol existe há mais de 50 anos e quantidades enormes deste analgésico são vendidas diariamente em todo o mundo para tratar a dor.

Embora muitas pessoas tenham consciência das consequências potencialmente fatais de tomar uma overdose de paracetamol, a crença generalizada é de que essa droga seja leve e relativamente segura se tomada na dose recomendada, mas isso está sendo cada vez mais questionado por cientistas que dizem que usá-lo durante períodos prolongados pode ter sérios efeitos colaterais.

O paracetamol ficou conhecido durante a década de 60 quando rumores começaram a circular de que a aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) como o ibuprofeno poderiam causar efeitos colaterais como o sangramento gástrico, úlceras e outros.

Alguns questionamentos surgiram sobre a possibilidade de que o uso prolongado de paracetamol também pudesse causar hemorragia interna, mas as evidências relacionadas a isso permaneceram confusas por muitos anos.

O Paracetamol faz mais mal do que bem?

Em 2011, o professor Michael Doherty, reumatologista da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, publicou um estudo que analisou quase 900 pacientes com 40 anos ou mais que tomaram paracetamol, ibuprofeno ou uma combinação de ambos para a dor crônica no joelho.

Quando o estudo comparou os pacientes após 13 semanas, percebeu-se que um em cada cinco pacientes que tomaram ibuprofeno tinha perdido o equivalente a uma unidade de sangue devido a uma hemorragia interna. O que foi surpreendente foi que os resultados mostraram que os pacientes que estavam tomando paracetamol tiveram a mesma proporção de perda.

Concluiu-se então que o paracetamol pode causar problemas renais e hepáticos, e causa tanto sangramento gastrointestinal quanto os AINEs – antiinflamatórios nãos esteroidais.

Em 2013, a FDA – FoodandDrugsAdministration dos Estados Unidos emitiu alertas que diziam que tomar paracetalmol podia, em alguns casos raros, causar problemas de pele como por exemplo a Síndrome de Stevens-Johnson, pustulose exantemática generalizada aguda e necrólise epidérmica tóxica, que são potencialmente fatais.

A dose máxima de paracetamol por dia é de 4g, e só um pouco a mais, como por exemplo 5g, pode causar complicações hepáticas, o que faz com que seja muito fácil que a pessoa tome uma overdose.

Pesquisa mostra como o Paracetamol faz mal ao fígado

Há décadas os cientistas sabem que em grandes quantidades o paracetamol faz mal ao fígado, causando toxidade neste órgão do corpo humano, mas até então, o mecanismo de envenenamento deste analgésico havia iludido os cientistas.

Além de fornecer informações sobre como uma dose excessiva desse analgésico comum causa intoxicação que muitas vezes pode ser difícil de tratar, sendo até mesmo fatal, as novas descobertas também podem abrir portas para o desenvolvimento de novos medicamentos que causam danos ao fígado.

O Dr. Leonard Nelson, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, disse: “O Paracetamol é o remédio para dores preferido em todo mundo. É barato e considerado seguro e eficaz em doses terapêuticas. No entanto, o dano hepático induzido por drogas continua sendo um importante problema clínico e um desafio para o desenvolvimento de medicamentos mais seguros. Nossas descobertas reforçam a necessidade de vigilância no uso de Paracetamol e podem ajudar a descobrir como os danos causados por seu uso adverso podem ser evitados”.

O estudo, que foi publicado na Scientific Reports, analisou o impacto do paracetamol nas células do fígado tanto no tecido humano como em ratos. Esses experimentos mostraram que, em certas situações, essa droga pode danificar o fígado ao prejudicar as conexões estruturais vitais entre as células adjacentes do órgão.

Quando essas conexões de parede celular, conhecidas como junções apertadas, são rompidas, a estrutura do tecido do fígado é danificada e as células são incapazes de funcionar adequadamente, podendo até levá-las à morte.

Sabe-se que esse tipo de dano celular ocorre em condições do fígado como a hepatite, câncer e cirrose, porém, até agora não estava ligado à toxicidade do paracetamol. Agora, os pesquisadores pretendem desenvolver um método confiável para usar células hepáticas humanas como uma alternativa aos testes em animais e então, procurarão examinar como o paracetamol faz mal ao fígado em diferentes doses e escalas de tempo, e identificar possíveis alvos para novas drogas.

O co-autor Dr. Pierre Bagnanichi disse: “Embora os danos ao fígado causados pela toxicidade do paracetamol tenham sido objeto de intensos estudos por cerca de 40 anos, desenvolvimentos recentes na tecnologia de biosensores estão permitindo uma visão mais completa dos mecanismos biológicos envolvidos”.

O Professor Nelson disse que “quando são excedidas as doses recomendadas de paracetamol, pode ocorrer insuficiência hepática aguda, que é a causa mais comum no Reino Unido, Europa, Estados Unidos e Austrália. Com um índice terapêutico estreito, a dose comum de paracetamol está próxima da overdose, e como é encontrado em muitas prescrições médicas e outras preparações de venda livre, os usuários precisam monitorar de perto a ingestão deste medicamento.

É claro que a maioria dos remédios possuem efeitos colaterais, e tomá-los é sempre uma questão de avaliar os benefícios e possíveis perigos. No entanto, uma revisão de pesquisas pela respeitada Cochrane Collaboration descobriu que de sete estudos que comparavam o paracetamol com placebos, dois não encontraram diferenças nas sensações de dor, e os outros encontraram uma melhora de cerca de 5%, o que os autores descreveram como “significância clínica questionável”.

Paracetamol funciona mesmo?

“Para a maioria das pessoas, trata-se de um placebo”, diz Dickson. Outra revisão de pesquisa publicada por Moore e seus colegas descobriu que o paracetamol proporcionava alívio da dor para algumas pessoas com enxaqueca e dores de cabeça tensionais, mas era de pouca ajuda para aquelas com dor crônica nas costas, pós-operatório, câncer, cólicas menstruais e pediátricas, bem como para artrite reumatoide e osteoartrite.

Pesquisas também descobriram que este analgésico era ineficaz para dor lombar aguda e que, comparado ao placebo, ele tinha apenas um efeito “pequeno, clinicamente irrelevante” na dor e na incapacidade de sofrer de osteoartrite.

Também foram destacadas evidências de que aqueles que tomavam regularmente tinham quase quatro vezes mais chances de terem resultados anormais nos testes de função hepática, ou seja, quando tomado regularmente, o paracetamol faz mal ao fígado, de fato.

O autor principal, Gustavo Machado, do George Institute for Global Health da Universidade de Sidney na Austrália concluiu que: “Nossos resultados fornecem um argumento para reconsiderar o endosso do paracetamol nas diretrizes de prática clínica para dor lombar, de quadril, joelho ou osteoartritre.”

O grande problema está em julgar esses medicamentos com base nas pesquisas que calculam a média dos seus efeitos, o que faz pouco sentido, já que eles podem variar muito entre as pessoas. “O que estamos reconhecendo agora é que, com o paracetamol, assim como com todos os analgésicos, existem algumas pessoas para as quais ele pode proporcionar um bom alívio da dor e outras nos quais ele não tem nenhum efeito”, disse Moore.

Nesse caso, o ideal é que os pacientes assumam um papel mais importante na gestão do seu próprio tratamento, trabalhando com profissionais médicos para descobrir o que funciona e o que não funciona para eles.

Você já tinha ouvido falar que o paracetamol faz mal ao fígado? Toma ou conhece alguém que toma este medicamento com frequência? Comente Abaixo!

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