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Iodo Radioativo – O Que é, Para Que Serve, Riscos e Cuidados

iodo radioativo

Além de entender o que é e para que serve exatamente o iodo radioativo, você irá conhecer os riscos associados ao seu uso e os cuidados que devem ser tomados ao ser exposto a esse tipo de radiação.

A radiação em quantidades controladas é importante tanto para certos diagnósticos como para tratar certas condições de saúde como alguns problemas na tireoide.

O iodo radioativo é um composto usado comumente tanto no diagnóstico quanto no tratamento de hipertireoidismo e de câncer na glândula tireoide. Vamos ver então o que o iodo radioativo faz no nosso corpo e entender se a terapia radioativa com iodo é segura para a saúde.

Iodo Radioativo – O Que é?

O iodo comum encontrado nos alimentos é um nutriente importante para o nosso corpo, especialmente para o bom funcionamento da glândula tireoide. Essa glândula localizada na parte inferior frontal do pescoço é responsável por produzir vários hormônios que regulam o metabolismo e diversas funções do corpo.

Já o iodo radioativo é um elemento químico com propriedades radioativas conhecido como iodo 131. Em doses controladas, esse elemento é muito importante para o estudo da glândula tireoide em medicina nuclear.

Trata-se de um isótopo do iodo, o que significa que ele é uma substância com o mesmo número de prótons do iodo não radioativo – que encontramos em alimentos e suplementos – mas que tem um número de massa diferente.

Para Que Serve

Substâncias radioativas liberam grandes quantidades de energia. Tal energia é capaz de penetrar através das camadas mais profundas da pele e danificar as células do corpo.

No entanto, há vários casos em que a radiação é extremamente necessária, principalmente em se tratando de diagnósticos e tratamentos de certas doenças.

O iodo radioativo, quando usado em baixas doses, é um grande aliado no diagnóstico de doenças. Em doses maiores, ele é muito importante no tratamento de doenças como alguns tipos de câncer.

A seguir, você vai ver com mais detalhes como o iodo radioativo atua no diagnóstico e no tratamento de várias condições de saúde.

Tratamento de hipertireoidismo

Quando um excesso de hormônios é produzido pela tireoide, temos uma condição chamada de hipertireoidismo.

O excesso de hormônios causado pela hiperatividade da tireoide causa sintomas desagradáveis como ansiedade, nervosismo, batimento cardíaco acelerado, dificuldade para dormir, tremores e ausência de períodos menstruais (em mulheres). O hipertireoidismo também pode causar alterações no peso corporal.

Ao estudar o corpo humano, os pesquisadores descobriram que além de precisar de iodo para produzir os hormônios, a tireoide é o único local do corpo capaz de concentrar iodo. Isso permite que o iodo radioativo seja usado para danificar ou destruir as células da tireoide, ocasionando a redução da produção de hormônios.

Nesses casos, o iodo radioativo é usado na forma de cápsulas de uso oral. A hospitalização só é necessária se a dose de iodo for muito alta, o que é bastante raro.

Após a ingestão da pílula, é importante beber muita água para eliminar o iodo radioativo do resto do corpo que por ventura não foi absorvido pela tireoide.

Normalmente, uma única dose de iodo radioativo é capaz de resolver o problema do hipertireoidismo, mas se os sintomas não melhorarem após 6 meses da primeira dose, pode ser preciso repetir a dose.

Tratamento da doença de Graves

A doença de Graves é um tipo de hipertireoidismo em que a tireoide produz muitos hormônios. Isso causa sintomas como:

  • Inchaço nos olhos;
  • Olhos avermelhados;
  • Bócio, caracterizado pelo aumento da tireoide;
  • Pele das pernas mais grossa e avermelhada.

O iodo radioativo é uma das possibilidades de tratamento nesse caso dependendo da gravidade dos sintomas.

Tratamento de câncer de tireoide

Como já foi mencionado, a tireoide tem grande afinidade pelo iodo e usar o iodo radioativo no tratamento de câncer na glândula faz com que a radiação seja direcionada apenas para o local em que as células cancerígenas estão.

Isso acontece porque, mesmo que o iodo radioativo possa circular por toda a corrente sanguínea, as células da tireoide são capazes de captar o iodo onde quer que ele esteja, o que faz com que a radiação mate as células responsáveis pelo câncer.

O tratamento com iodo radioativo pode ser adotado nos seguintes casos:

  • Logo após a cirurgia para remoção de um tumor na tireoide para eliminar células cancerígenas que podem ter sobrado;
  • Para tratar um câncer de tireoide que se espalhou pelo resto do corpo;
  • No tratamento de um câncer de tireoide que retornou.

Mesmo quando o câncer se espalha para outras partes do corpo, o iodo radioativo é capaz de alcançar essas células e combater a doença.

A radioterapia com iodo pode ser feita apenas uma vez ou repetida a cada 3 meses até que não exista mais nenhum sinal de câncer de tireoide.

Ao contrário do hipertireoidismo que usa doses relativamente baixas, um câncer de tireoide só é tratado com grandes doses de iodo radioativo.

O grande benefício de usar o iodo radioativo no tratamento de câncer da tireoide é que se trata de um tratamento direcionado. Ou seja, ele praticamente não afeta as células de outras partes do corpo, o que mantém a integridade de células saudáveis do resto do corpo e ajuda a reduzir os efeitos adversos relacionados ao tratamento.

Outros tratamentos de câncer com iodo

– Câncer ocular

O melanoma ocular (ou melanoma intraocular – um tipo de câncer ocular) também pode ser tratado com iodo radioativo.

Um pequeno disco contendo iodo radioativo é inserido cirurgicamente próximo ao olho, onde deve permanecer por alguns dias de acordo com a recomendação médica.

– Câncer cervical e uterino

O iodo radioativo é uma das opções de tratamento para mulheres que sofrem de câncer de colo uterino. Nesse caso, o cirurgião insere um dispositivo que mantém o iodo no útero ou próximo ao colo do útero para que ele atue contra as células cancerosas do local.

Durante o tempo em que o dispositivo está no seu corpo, é importante permanecer no hospital porque o seu nível de radiação ficará alto. Esse tempo varia de 2 a 3 dias em que o paciente fica em uma sala isolada além de permanecer deitado na cama para evitar que o dispositivo saia da posição.

Nesse período, o xixi é coletado por meio de um cateter inserido na uretra e na bexiga. Alguns efeitos adversos como desconforto na região pélvica, prisão de ventre e queimação ao urinar podem ocorrer.

– Câncer de próstata

Homens com câncer de próstata podem se beneficiar do tratamento com iodo radioativo. Se o seu câncer estiver em um estagio inicial ou o crescimento do tumor for lento, você pode tratar o problema localmente apenas com o iodo.

Saiba se o câncer de próstata pode ser prevenido e como fazer isso.

Usando essa opção de tratamento, é preciso inserir pequenos grânulos de iodo radioativo na próstata que vão emitir radiação por várias semanas para eliminar o tumor.

Já em casos em que há o risco de a doença se espalhar para outras regiões do corpo, pode ser necessário reforçar o tratamento com outros tipos de radiação.

Efeitos colaterais do tratamento podem incluir necessidade frequente de urinar e diarreia.

Exame de cintilografia da tireoide

Neste exame, doses baixas de iodo radioativo são usadas para a obtenção de imagens da tireoide.

Ao ingerir uma dose de iodo radioativo, a tireoide absorve praticamente todo o iodo e, dessa forma, a substância age como um contraste que será detectado por uma câmera capaz de fazer uma varredura e identificar onde a radiação está concentrada. Onde houver menos radioatividade é o local em que pode existir um câncer.

O teste serve tanto para avaliar a função geral da tireoide como também para detectar e localizar tumores no local.

Cuidados

Ao fazer um tratamento com iodo radioativo é muito importante seguir as recomendações médicas não só para o seu bem, mas também para preservar a saúde de outras pessoas ao seu redor.

Veja quais são os cuidados que devem ser tomados relacionados ao preparo antes do tratamento, à sua alimentação e à saúde das pessoas que convivem com você.

Contaminação

Quando seu corpo recebe uma dose de iodo radioativo, ele emitirá radiação. Assim, logo após as sessões de radioterapia com iodo é possível que a radiação à qual você foi submetido afete pessoas ao seu redor e coloque a saúde delas em risco. Por isso, é importante:

  • Evitar contato físico prolongado e muito próximo com outras pessoas, principalmente em se tratando de crianças ou grávidas;
  • Manter uma distância mínima de 2 metros dos outros;
  • Evitar locais públicos;
  • Lavar as mãos com frequência;
  • Beber bastante água e líquidos para ajudar a liberar o iodo do organismo por meio do suor e da urina;
  • Não compartilhar utensílios de cozinha, itens como toalhas ou roupas de cama e nem objetos de uso pessoal;
  • Evitar contato sexual ou usar camisinha;
  • Lavar a louça e os itens pessoais que você usa e separá-los das outras pessoas da casa;
  • Dormir sozinho em um quarto separado ou em uma cama a pelo menos 1 metro de distância de outra pessoa.

É claro que as precauções indicadas acima são só medidas de segurança e tudo vai depender da intensidade e da dose de iodo radioativo usados no seu tratamento.

Se as doses forem muito altas, é provável que você precise realizar o tratamento em um hospital para reduzir o contato com outras pessoas, mas em doses mais baixas é possível conviver em sociedade normalmente.

Gravidez e lactação

Se a radiação do iodo é capaz de contaminar outras pessoas ao seu redor, já imaginou o que ela pode causar em um feto em desenvolvimento ou em um bebê que mama no peito?

Quando exposto à radiação, um feto pode desenvolver defeitos congênitos ou, até mesmo, não resistir. Já um bebê amamentando fica em grande risco pois, além do seu sistema imunológico pouco desenvolvido, o leite materno pode estar contaminado pela radiação.

Desta forma, em nenhuma hipótese as mulheres grávidas ou lactantes devem se submeter a terapia com iodo radioativo.

Se o tratamento for extremamente necessário e a mulher estiver grávida, é recomendado iniciar a terapia com iodo radioativo apenas depois do nascimento do bebê. No caso de lactante, é importante interromper a amamentação cerca de 6 semanas antes do tratamento e ficar sem amamentar durante todo o tratamento e por um bom período depois da última sessão de radioterapia.

Preparo para o tratamento com iodo radioativo

Existe um hormônio chamado de hormônio estimulador da tireoide (TSH) que aumenta a chance de as células cancerígenas absorverem o iodo radioativo. Quanto maiores os níveis de TSH na tireoide, mais eficiente é o tratamento. Por essa razão, muitas vezes é indicado que você tome uma versão sintética do TSH durante 2 dias antes da terapia.

Se você faz algum tipo de terapia hormonal para tireoide, também é recomendado parar de tomar os comprimidos do hormônio tiroxina (T4) durante 4 semanas e do hormônio triiodotironina (T3) durante 2 semanas antes do início do tratamento. Alguns médicos podem solicitar essa interrupção da reposição hormonal durante todo o tratamento.

Reposição hormonal depois do tratamento

Ao fim do tratamento, a produção de hormônios da glândula tireoide não voltará ao normal. Portanto, é preciso tomar comprimidos de tiroxina por toda a vida para regular a função hormonal.

Dieta

Outra medida que precisa ser adotada para aumentar a efetividade do tratamento e a sua segurança é seguir uma dieta com restrição de iodo. Não é preciso eliminar todas as fontes de iodo da sua dieta, mas é essencial eliminar aquelas que contêm iodo em quantidades significativas.

Alimentos e bebidas que podem ser ingeridos sem medo, devido ao baixíssimo nível de iodo, são:

  • Pães frescos;
  • Frutas e vegetais;
  • Sal comum ou sal marinho;
  • Arroz e massas;
  • Batatas fritas;
  • Chá;
  • Café;
  • Suco de frutas;
  • Leites de origem vegetal como os leites de coco, de arroz, de soja e de amêndoas;
  • Chocolate com 70% de cacau ou mais;
  • Azeite;
  • Óleos vegetais e óleos de nozes;
  • Refrigerantes;
  • Bebidas alcoólicas.

Alimentos que devem ser usados com moderação são:

  • Ovos – um por semana;
  • Queijo – 25 gramas por semana;
  • Leite – cerca de 25 mL por dia (5 a 7 colheres de chá);
  • Produtos lácteos – 1 porção por semana;
  • Manteiga – 5 gramas por dia (1 colher de chá);
  • Produtos que contém ovos como a maionese e alguns tipos de macarrão, por exemplo.

Os alimentos a seguir apresentam altos níveis de iodo e devem ser totalmente restritos durante o tratamento:

  • Peixes, frutos do mar e algas marinhas;
  • Bolos e biscoitos preparados com ovos ou manteiga;
  • Sal iodado ou sal rosa do Himalaia;
  • Algumas vitaminas e suplementos que contém iodo;
  • Fast food;
  • Vegetais crus como brócolis e espinafre.

Conheça também os melhores e piores alimentos para o hipertireoidismo.

Riscos

Qualquer tratamento médico envolve riscos e com o iodo radioativo não é diferente. Os principais riscos associados à terapia com iodo radioativo incluem:

Efeitos adversos

O iodo radioativo pode causar alguns efeitos colaterais como:

  • Boca seca;
  • Alterações no paladar;
  • Náusea;
  • Olhos secos ou olhos lacrimejantes;
  • Dor de estômago;
  • Inchaço ou sensibilidade no pescoço;
  • Inflamação e inchaço nas glândulas salivares;
  • Sensação de vermelhidão.

Por ser um tratamento localizado, o iodo radioativo não causa efeitos adversos desagradáveis como a queda de cabelo. Pois, diferentemente da quimioterapia que afeta praticamente qualquer célula do corpo, a radioterapia só afeta as células locais.

Hipotireoidismo

Como a produção hormonal não volta ao normal depois da exposição ao iodo radioativo, é bastante comum o desenvolvimento de uma tireoide hipoativa, causando um quadro de hipotireoidismo permanente que deve ser controlado por meio de reposição hormonal constante.

Veja quais são os principais sintomas e tratamento do hipotireoidismo.

Infertilidade

A radiação pode afetar a contagem de esperma de um homem e os ovários de uma mulher, o que pode prejudicar a fertilidade ao menos temporariamente.

Os homens também podem ter alterações nos espermatozoides e níveis mais baixos de testosterona durante o tratamento.

Mesmo que seja possível engravidar durante um tratamento de radiação, o contato sexual não é indicado devido ao risco de contaminação ao parceiro.

A recomendação médica para as mulheres é esperar de 6 meses a 1 ano após o término do tratamento antes de tentar engravidar. Os homens também devem ter cuidado para não ter um filho por pelo menos 4 meses depois do fim da terapia.

Apesar de a fertilidade ser afetada pelo tratamento, os danos não são para sempre e as funções reprodutivas voltam ao normal ao longo do tempo.

Considerações

Embora o iodo radioativo deva ser usado com muito cuidado e com doses adequadas, ele é essencial para dar uma nova chance as pessoas que sofrem de doenças como o câncer de tireoide.

Tenha em mente que o desconforto causado pelo tratamento é apenas temporário e que, quanto mais à risca você seguir o tratamento, maiores são as chances de eliminar o câncer e ter uma vida normal novamente.

Referências Adicionais:

Você já conhecia o Iodo Radioativo? Conhece alguém que já passou por isso? Comente abaixo!

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