Os Aparelhos Para Monitorar Exercícios Podem Prejudicar a Perda de Peso, Afirma Estudo
A maioria das pessoas certamente está careca de saber que a fórmula para emagrecer consiste em aliar uma alimentação saudável, equilibrada, nutritiva e controlada com a prática frequente de atividades físicas para maximizar a perda calórica.
Entretanto, ao lado dessas estratégias principais existem táticas que prometem auxiliar o processo como ter uma boa noite de sono, diminuir a ansiedade e o estresse ou usar aparelhos eletrônicos para monitorar o seu nível de atividade física.
Esses aparelhos geralmente informam quantos passos o usuário deu em determinado dia ou estimar a quantidade de calorias que a pessoa queimou. No entanto, de acordo com o que uma reportagem do The New York Times noticiou, um estudo publicado em 2016 no periódico JAMA mostrou que os tais monitores podem atrapalhar a perda de peso.
A pesquisa em questão foi realizada com 471 homens e mulheres acima do peso, com idade entre 18 a 35 anos, que tinham o objetivo de emagrecer. Ela foi conduzida por cientistas do Centro de Pesquisa de Atividade Física e Controle de Peso da Universidade de Pittsburgh nos Estados Unidos.
O estudo identificou que as pessoas adultas que faziam dieta para emagrecer e usavam os aparelhos perderam uma quantidade um pouco menor de peso do que os indivíduos que não utilizaram os monitores.
Mas como os cientistas chegaram a essa conclusão? A reportagem contou que inicialmente os participantes foram pesados e tiveram os seus níveis gerais de saúde e fitness avaliados.
Feito isso, ao longo dos próximos seis meses, os voluntários foram submetidos a uma dieta de baixas calorias, voltada para resultar em uma perda de peso estável. Também foi solicitado que eles passassem a praticar mais atividades, com a meta de fazer pelo menos 100 minutos de exercícios físicos de nível moderado semanalmente.
Durante esse período, os participantes mantiveram diários alimentares e de exercícios, em que registravam dados sobre sua dieta e prática de atividades todos os dias, e participavam semanalmente de sessões de aconselhamento.
Passados os seis meses, todos os voluntários tinha perdido peso. Então, os cientistas dividiram essas pessoas em dois grupos: um primeiro composto por aqueles que deveriam registrar as suas sessões diárias de atividades físicas em um site e um segundo composto pelos participantes que deveriam usar um monitor eletrônico no braço para rastrear a sua rotina de exercícios e informar se eles estavam atingindo os seus objetivos em termos de passos dados por dia e queima de calorias.
Os voluntários fizeram isso ao longo de 18 meses e durante esse tempo os orientadores que trabalharam no experimento entravam em contato com todos por telefone para checar e enviavam mensagens de incentivo.
Depois dos 18 meses da segunda parte do estudo – e de dois anos do início da pesquisa como um todo – os participantes repetiram as mesmas avaliações realizadas no começo do estudo. Foi constatado que a maioria deles estava mais magro do que se encontrava no início da pesquisa, embora alguns tenham recuperado o peso eliminado ao longo dos primeiros seis meses do experimento.
Ao término dos dois anos, os participantes que não usaram os aparelhos para monitorar os exercícios tinham perdido, em média, aproximadamente 5,9 kg. Já os voluntários que usaram esses acessórios registraram uma redução de apenas cerca de 3,6 kg.
Surpreendido com o resultado da pesquisa? Saiba que você não foi o único!
O pesquisador que liderou o estudo, o professor do departamento de saúde e atividade física da Universidade de Pittsburgh John Jakicic, confessou ao The New York Times que ele e os seus colegas estavam bastante seguros que os participantes que usaram os aparelhos que rastreiam as atividades físicas se exercitariam mais, monitorariam melhor a sua ingestão de calorias e perderiam mais peso em comparação ao grupo que registrou suas informações sobre a rotina de exercícios por conta própria.
O professor também disse à publicação que os motivos por trás da diferença de perda de peso entre os dois grupos não estão claros, porém, sua teoria inicial foi de que os aparelhos monitores motivaram tanto as pessoas a se exercitarem, que elas fizeram atividades demais, ganharam muito apetite e cederam à comilança em excesso, destruindo assim os ganhos obtidos com a queima de calorias por meio da prática dos exercícios físicos. Como se tivessem funcionado como uma armadilha que faz comer em excesso.
Outra hipótese
Entretanto, as informações registradas nos aparelhos indicaram que os voluntários que utilizaram os equipamentos praticam menos atividades físicas do que os participantes do outro grupo, que faziam o próprio monitoramento.
Jakicic contou ao The News York Times que levantou uma nova hipótese, que dizia que talvez os monitores eletrônicos tenham motivado menos os voluntários a se exercitar: ao ver que não atingiriam o objetivo diário de atividade física, eles já desistiam de uma vez, resultando em uma queima calórica baixa nesses dias e, consequentemente, uma redução de peso menos expressiva em comparação aos participantes do outro grupo.
Para o pesquisador, outra possibilidade é que os voluntários tenham transferido para o equipamento a responsabilidade de monitorar a sua ingestão calórica: segundo ele, as pessoas podem ter se focada demais na tecnologia e de menos nos seus próprios comportamentos, acabando por comer demais.
Os próximos passos
Com esses resultados em mãos, a expectativa do professor da Universidade de Pittsburgh e dos seus colegas era de conduzir estudos complementares para avaliar diretamente como esses aparelhos eletrônicos que monitoram a prática de atividade física afetam a motivação para praticar exercícios físicos e, consequentemente, os resultados em termos de redução do peso.
Na contramão de outros estudos
Segundo o The New York Times, os apontamentos da pesquisa da Universidade de Pittsburgh rebatem outros estudos que tinham sugerido que as novas tecnologias como os aparelhos que monitoram o nível de atividade física podem auxiliar algumas pessoas a emagrecer.
Entretanto, a publicação ressaltou que esses estudos foram de escala pequena e de curto prazo, o que não era o suficiente para esclarecer como esses aparelhos poderiam contribuir em relação à diminuição do peso corporal. Além disso, há especialistas que acreditam que contar o número de passos não ajuda a perder peso.
De qualquer forma, a mensagem que fica é que embora esses aparelhos possam ter a sua utilidade, não dá para confiar somente neles quando o objetivo é emagrecer. É preciso assumir o controle e a responsabilidade para fazer as escolhas certas e saudáveis, além de ficar de olho para ver se a tecnologia não influencia a ter um comportamento acomodado em relação aos exercícios ou abusivo em relação às comidas.
Fontes e Referências Adicionais:
- https://www.nytimes.com/2016/09/27/well/activity-trackers-may-undermine-weight-loss-efforts.html
- https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2553448
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