Apetite só
Comer em companhia de outros é uma de nossas mais ancestrais tradições. Que a vida moderna está inviabilizando. Comer só alterou significativamente a maneira como nos relacionamos com as refeições.
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Isso se reflete na mesa: um terço das pessoas costumam comer sozinhas.
Essa tendência se reflete em outros estudos também.
Uma pesquisa da Mintel com 2.000 residentes do Reino Unido descobriu que, em Londres, metade da população come sozinha.
Para atender aos solitários, o mercado se especializou em porções únicas.
Os serviços de delivery se esbarram pelas ruas a seu comando.
Os restaurantes estão se acostumando com as reservas “table for one”, com aumento de 160% nos últimos cinco anos.
Apesar desta prevalência, algo não parece certo.
Afinal, comer em comunidade tem sido um ritual humano universal ao longo da história.
Então, que efeito as refeições a só têm sobre nós, humanos?
Em artigo, a escritora Amy Fleming apresenta algumas teorias ao jornal The Guardian.
No nível mais básico, comer sozinho gera trabalho extra.
Emprega-se todo um esforço para alimentar uma única pessoa.
Que ainda tem que lavar a louça.
Muitos acabam comendo o que acham na geladeira.
Neste momento, há um descompasso entre a sensação de como devemos comer e como estamos realmente comendo.
E há a pressa: o tempo médio por refeição fica menor a cada ano.
Com isso, mais pessoas trocam refeições por snacks.
Os estudos diferem sobre a qualidade das dietas solo.
As pessoas tendem a comer em excesso quando em grupos.
Em um jantar a dois, você vai comer cerca de 35% mais do que sozinho.
Se são quatro pessoas à mesa, você vai comer 75% mais.
Nesse sentido, a alimentação solitária é positiva.
Por outro lado, quem come só come 2,3 vezes menos vegetais.
E, sem o julgamento alheio, se entrega a prazeres secretos à mesa.
Certamente ter um momento em paz é salutar.
Atente-se para as armadilhas reveladas.
E aproveite para desligar o telefone e se ligar no que ingere.
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